Yoga & Esportes

EDUCAÇÃO NO MAT

Um guia de conduta educada na sala de aula. Todos nós agradecemos se você ler e seguir.



Tradução: Madu Cabral


1. Esteja presente agora
Acontece com todos em algum momento: você está em uma correria louca para chegar à aula quando faz a triste descoberta de que simplesmente não chegará a tempo. Apesar de ser melhor chegar alguns minutos atrasado do que perder a prática inteira, você deve repensar seu comportamento (approach) se estiver cronicamente atrasado. Tornar o atraso um hábito demonstra desrespeito com o professor e com os outros alunos e te rouba a chance de aproveitar integralmente os benefícios de uma aula. Se estiver atrasado, aguarde até o fim do mantra, entre em silêncio, peça desculpas para o professor depois da aula e faça seu melhor para que não aconteça novamente.

2. SHHHHH!
Alguns professores incentivam a prática de uma respiração sonora, normalmente parte de uma técnica conhecida como ujjayi pranayama (respiração vitoriosa) e você deveria incorporar isso em sua prática. Mas gemer alto quando se afunda em uma deliciosa postura do pombo não é legal — a menos que o professor tenha pedido para todos na aula. Tenha consideração pelos outros e mantenha em mente que se seus suspiros podem ser ouvidos nos cantos distantes, assim como seu papo com o vizinho sobre a última conquista da prática, você provavelmente está distraindo seus companheiros de aula. Guarde os efeitos sonoros entusiasmados para as práticas em casa e limite a socialização a antes e depois da aula.

3. Não monopolize
Mantenha seu professor informado sobre qualquer machucado ou condição médica relevante e definitivamente dê um alarme se sentir dor em uma postura específica. Mas não monopolize o professor! Resista à tentação de pedir por ajustes a cada postura. Em vez de presentear a todos na sala com uma descrição detalhada de seus machucados, veja se consegue incorporar à sua prática o princípio yóguico de contenção (restrain). Se tiver perguntas específicas, considere chegar mais cedo ou ficar após a aula para falar com o professor. Ainda melhor: se puder, marque uma aula particular para afinar os asanas e adaptá-los ao seu corpo.

4. Não seja uma goteira
Transpirar limpa os poros, livra o corpo de toxinas e é um sinal saudável de que você está trabalhando duro. Mas se seu suor for mais como uma torrente do que como uma névoa, traga uma toalha para secar sua testa e não pingar no mat do vizinho ou, se necessário, secar qualquer poça que tenha se formado no chão da sala.

5. Poupe o ar
Uma das coisas que difere a prática de asanas das outras atividades físicas é a ênfase na respiração. E uma respiração ujjayi profunda e cheia de perfume pode arruinar uma prática. Ofereça ao seu nariz e ao dos outros à sua volta um ambiente com um cheiro suave de limpeza, sem perfume. Se possível, tome banho antes da aula e não use produtos aromáticos. Muitas pessoas são quimicamente sensíveis ou perturbadas por odores fortes, mesmo aqueles dos óleos essenciais. Então, elimine o patchouli, ou pelo menos guarde-o para depois da prática.

6. Venha por aqui
Com certeza você já reparou que antes de entrar em um estúdio de Yoga é preciso tirar os sapatos — mesmo os seus chinelos ecológicos! Mas enquanto estiver passeando pela escola é também importante que pise em volta dos mat e não sobre eles. Como você se sentiria se um pé sujo marcasse bem o lugar onde apoia sua testa na postura da criança? E, se a prática for em duplas, é educado perguntar: “Posso pisar no seu tapete?” antes de pular no santuário do Yoga de seu parceiro.

7. Pegue somente no seu pé
Uma das maiores recompensas de frequentar uma aula com regularidade é o sentimento de comunidade que desenvolve com os outros alunos. Ser aberto e simpático com seus companheiros yogis é totalmente apropriado, mas paquerar a(o) gata(o) à sua frente não é. Para muitos, o Yoga é um espaço sagrado — uma hora e lugar para voltar-se para dentro, ficar um pouco ao natural, recolher-se do mundo. Uma colega fora da sala de aula é jogo limpo, mas considere romance totalmente inapropriado dentro de um estúdio.

8. Vá só
Fazer malabarismo entre o trabalho, cuidar da família e uma prática regular de Yoga é indiscutivelmente difícil. Mas a aula de Yoga pode não ser o melhor o melhor local para fazer muitas tarefas ao mesmo tempo. Se seu filho consegue praticar sem perturbar os outros e você tem a autorização do seu professor, tudo bem levá-lo com você. Mas pense duas vezes. Pode ser que para algumas pessoas na aula esse seja um tempo sagrado livre de crianças. Respeite esse sentimento já que, em algum momento, você também pode querer a mesma coisa.

9. Amordace seu celular
Essa, a mais óbvia das regras, insiste em se repetir. Sabemos que você tem muitos amigos — e que você é tão importante que eles estão sempre ligando e mandando mensagens. E temos certeza de que seus toques são muito legais. Mas todo mundo na sala (incluindo você) apareceram para ter um pouco de paz. Então, silencie seu celular. Por favor. Se não colocar uma mordaça em seu celular é quase garantido que receberá uma ligação durante o relaxamento. Você passará os próximos 45 segundos (que parecerão bem mais longos que isso) revirando freneticamente sua bolsa tentando achar o telefone. Quando achar já vai ter parado de tocar, mas o momento de paz que todos esperavam estará perdido. Desligou? Ótimo! Agora cheque novamente para ter certeza.

10. Finja-se de morto
Enquanto todos se acomodam para um savasana (postura do morto), você está se coçando para enrolar seu tapete e escapar. Talvez não consiga parar de pensar em todas as coisas que poderia estar fazendo com aqueles minutos. Mas relaxe e fique firme. Além de distrair os outros e ser um desrespeito com o professor (veja regra 1), você perderá o profundo relaxamento no final, que pode ser considerada a parte mais importante da prática; o savasana pode ser a postura mais transformadora que faz no dia. E veja por este lado: se está tão ansioso para ir, não seria isso motivo suficiente para ficar?



ESPORTISTAS E ATLETAS DESCOBREM OS BENEFÍCIOS DO YOGA E MELHORAM O DESEMPENHO
Por Patricia Ribeiro

Esportistas, atletas e até mesmo freqüentadores de academias de ginástica já estão descobrindo que a prática de yoga ajuda a melhorar o desempenho nas provas e na performance do dia-a-dia.

Foi feito um estudo sobre o desempenho de 90 estudantes que participaram de uma maratona da Universidade de Nevada, em Las Vegas (EUA) coordenado pelo psicólogo N. Donohue. Depois de percorrer 500 metros, uma parte do grupo fez uma prática de Yoga e exercícios motivacionais e a outra metade não participou.

A performance dos corredores que praticaram yoga foi melhor do que a daqueles que não fizeram nada. Os especialistas concluíram que o yoga e os exercícios motivacionais melhoram a atuação dos esportistas. O ortopedista, traumatologista, médico do esporte e chefe do Grupo de Amputados da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) André Pedrinelli explica como o yoga pode auxiliar o esportista.

EY: Como a prática de yoga pode ajudar os atletas e esportistas? Quais são os principais benefícios para o corpo, músculos, capacidade respiratória e concentração?

O yoga, tradicionalmente, tem características de melhorar o alongamento, a noção corporal (de posicionamento e espaço), usando melhor a respiração para executar os movimentos e aumentando a concentração.

EY: A prática de yoga e da meditação auxilia no desempenho do esportista? Como?

Se observarmos as variáveis técnicas exclusivas, potência, força e capacidade aeróbia, não. Por outro lado, é capaz de auxiliar o atleta em concentração, conhecimento corporal, respiração e alongamento, que podem ajudar muito.

EY: O risco de lesões diminui com a prática de yoga antes do esporte?

Não há estudos sobre o assunto. o que se sabe é que um indivíduo com melhor alongamento sofre um menor número de lesões.

EY: Quais as partes que devem ser mais alongadas e trabalhadas antes da prática do esporte?

Isto depende de cada esporte. De maneira geral 70% dos esportes utilizam os membros inferiores, portanto uma atenção maior deve ser dada aos músculos da coxa e perna.

EY: O yoga ajuda o esportista a lidar melhor com as perdas e a se concentrar mais antes da competição?
Não sei se ajuda a lidar com perdas, mas, com certeza melhora bastante a capacidade de concentração.

fonte: http://www.yogajournal.terra.com.br/

 

A importância da prática do professor

Por: Thays Biasetti

Por que é essencial que os instrutores tenham uma prática constante.


Um de meus professores costuma contar uma história sobre uma vez que o B. K. S. Iyengar sofreu um acidente. Depois de algum tempo, os alunos começaram a perceber que a aula não estava mais fluindo como deveria. Um deles perguntou, então, para o mestre do por que a prática estar tão difícil. Iyengar respondeu que há alguns meses não praticava asanas por causa do acidente. Essa história serve para mostrar que a prática do professor tem muita influência sobre os alunos. Lembrando, sempre, que a prática não é apenas física, a pessoa deve praticar o todo tempo, ou como disse a professora Renata Mendes “professor tem que viver yoga, acordar yogando, escovar o dente yogando, praticar asanas yogando, comer yogando e dormir yogando.”

Para mostrar a importância da prática, pedimos a alguns instrutores para darem sua opinião sobre o assunto.

“O Yoga para ser verdadeiro deve ser praticado,” diz Dany Sá, professora de Ashtanga Yoga de Porto Alegre. “Prática constante no Yoga significa sadhana e sadhana é disciplina. Quando praticamos constantemente, nos fortalecemos tornando nosso corpo forte e a mente calma,” completa. “É bem fácil saber se o professor é dedicado; é só perceber suas atitudes dentro e fora da sala de aula. Um bom professor não é só aquele que faz asanas perfeitos, mas aquele que mantém a sua ética baseada na filosofia do Yoga”, diz Dany. A professora também diz que o processo de prática é evolutivo e não exige dos alunos que tenham uma prática como a dela, principalmente no início. “Explico para eles a importância da prática regular, mas cada um vai descobrir a necessidade de praticar mais vezes. É bem natural este processo”, completa.

A professora Cathia Karin Heuser, de Porto Alegre, comenta que o Yoga precisa ser incluído da vida. E no início, a melhor maneira de incorporar o Yoga em você é a prática física. “Meu professor Pattabhi Jois não praticava mais as séries de Ashtanga que ensinava, mas como durante anos praticou intensamente penso que o Yoga já ‘fazia parte dele’. Eu sinto que ensino melhor quando estou praticando com constância, me sinto mais ligada na aula, mais conectada com o método, mais afiada,” diz a professora. Segundo ela, os efeitos de uma prática dedicada podem ser vistos de várias formas. “Melhora nas atitudes, nos pensamentos, na respiração, no corpo, no brilho do olhar, na pele, tudo fica melhor. A saúde geral melhora se a prática é adequada, e se não for adequada, mesmo o Yoga sendo uma coisa boa, os efeitos podem ser negativos, como estresse, cansaço, irritabilidade, mente agitada, por isso penso que cada pessoa deve encontrar uma prática de Yoga que lhe faça bem. Ao ensinar, o professor deve observar os efeitos em seus alunos, percebendo se é a forma mais adequada a cada pessoa, sem forçar, sem exagerar, para não esgotar as energias através de uma prática forte ou até deixando a pessoa preguiçosa com uma prática leve demais”, completa.

Renata Mendes, professora de São Paulo, reafirma que a prática de Yoga não é só física, e que o instrutor não pode ficar sem. “Para o professor ensinar qualquer coisa, ele precisa praticar, não somente dentro do tapetinho, mas principalmente fora dele. Sem isso, não podemos considerar uma pessoa professor,” comenta. Renata diz que para saber se o professor é bom precisa-se observar seu posicionamento na vida. “Sabemos que o professor tem uma prática pessoal se ele tem coerência, pratica o que fala, e isso não se limita ao físico. Ser professor de Yoga é muito mais do que saber fazer algumas séries de asanas e falar coisas bonitinhas, tem que ter consistência, vivência no que a tradição do Yoga ensina. E é claro, o professor também tem que ser aluno, ter um professor que passou todo o conhecimento para ele,” explica.

Glauco Tavares, professor e proprietário do Yoga Shivalaya, em São Paulo, concorda que a prática não pode ficar apenas na parte física. “Como eu acredito que a prática não é feita apenas dos asanas, julgo que a prática do Yoga é necessária todo dia. Acredito e passo em minhas práticas que o Yoga está muito além do que asanas bem feitos, portanto a prática de observação constante é fundamental para que o Yoga se faça presente em nossa vida,” diz. “O estado de Yoga é a aquietação da mente para o despertar da consciência. A prática dos asanas também é importante para que possamos conduzir bem os praticantes durante as aulas neste processo de autoconhecimento que começa, segunda o Hatha Yoga, pelo corpo para chegarmos a aquietação da mente, mas a prática de observação no dia a dia é fundamental para isso”.

Osnir Cugenotta, professor de São Paulo, diz que não praticar seria “como um cego guiando outro cego. A prática pessoal é imprescindível para um professor, pois como é possível alguém ensinar algo que não pratica? Isto contrariaria satya,” comenta. Segundo o professor, a prática constante é importantíssima, pois “é através dela que aumentamos nossa consciência sobre nós mesmos e aprimoramos nossas técnicas para corrigirmos de maneira mais eficiente os nossos alunos melhorando assim a qualidade da aula.” A falta da prática do instrutor muda algo nas aulas? “Acredito que sim, pois a ausência de prática muda completamente a energia do professor, o que é facilmente perceptível ao aluno, alem de diminuir a criatividade na hora de elaborar as técnicas a serem utilizadas durante a aula,” declara Osnir. O professor também acredita que para escolher uma boa escola o aluno deveria ter “a liberdade de fazer perguntas ao instrutor, como se ele possui uma prática pessoal e assim por diante. O professor, por sua vez deveria ser honesto com seu futuro aluno lhe respondendo a verdade já que “satya” é um dos princípios básico para que segue a filosofia do yoga,” diz.

A professora Thais Godoy Bobbio também vê como importante a prática, seja ela qual for. “O Yoga é uma filosofia prática, então a prática do professor é fundamental para se alcançar os resultados, temos a responsabilidade em passar adiante uma tradição milenar que tem que ser experienciada”, comenta. Assim como todos os instrutores, Thais comenta que a prática não acontece apenas no mat. “Os alunos percebem quando o professor é dedicado, pois se diferencia quem realmente vive o Yoga (fora do mat) e quem ainda não tem esse hábito. Quando o professor se prepara, estuda mais, participa de imersões, reciclagens periódicas, práticas diárias, e os alunos sentem,” explica. Como deveria ser essa prática, então? “Uma prática de Yoga, na minha opinião, deve contemplar no mínimo sete dos oito angas do Yoga (yamas, nyamas, asanas, pranayamas,pratyahara, dharana e dhyana), sendo o Samadhi o "resultado" de tudo isso. De alguma forma, levar ao aluno as questões técnicas dos asanas e pranayamas, os "princípios morais" dos yamas e nyamas, pra que o aluno adquira uma boa base e possa também praticar sozinho”. A professora concorda que para se escolher um bom professor, é necessário conversar. “Penso que podemos abordar o professor quanto a isso, eu pelo menos não me sinto ofendida ou invadida, o aluno tem curiosidade de saber até mesmo para servir de guia para a prática do aluno. Não sei se isso é essencial para a escolha de um professor, pra mim o essencial é que o professor passe a filosofia da maneira mais sincera e íntegra que puder e que dê asas pra que você voe sozinho e escolha praticar com ele pelo simples prazer de compartilhar e não por ser "escravo" daquela rotina, porque daí já é dependência e não tem nada a ver com Yoga que é liberdade.”
 fonte:www.yogajournal.com.br

Meditação em fluxo

Por: Greice Costa

Ashtanga: profundidade, disciplina, desintoxicação e autocentramento



 Quem nunca viu uma aula de Ashtanga pode ficar surpreso, receoso ou imediatamente seduzido. Na sala, apenas se ouvem o som da respiração dos alunos e de seus movimentos. Dependendo da temperatura do local, as paredes “suam” junto com as pessoas – muitas ficam com cabelos e roupas ensopadas. No estilo tradicional da aula, o professor não fala, apenas ajusta os alunos e cada um movimenta-se em seu próprio ritmo. Quando atinge um grau de profundidade na prática, o aluno sabe se situar nas seqüências de posturas de uma série de asanas fixos. No total, são seis séries com números fixos de posturas, e o praticante flui de uma para outra em movimento contínuo, permanecendo geralmente por cinco respirações em cada postura. Cada movimento é combinado com a respiração – o que se chama vinyasa – e o aluno ganha posturas de acordo com sua evolução – quando realizar o asana perfeitamente, ganha a próxima postura, até encerrar uma série, decorando-a passo a passo até entrar na série seguinte e assim por diante. Cada sessão é aberta com saudações ao sol A e B, posturas em pé, segue para as posturas da série e fecha com as posturas finalizadoras. As posturas são ligadas por saltos (os jumps) para a frente e para trás, que deixam a prática bem fluida.

O professor que sistematizou a prática estudando com Krishnamacharya é reconhecido como o Guru do Ashtanga. Chama-se Pattabhi Jois, completa 92 anos neste mês e continua ativo em sua escola, O AYRI (Ashtanga Yoga Research Institute), em Mysore, sul da Índia. Mysore é também o nome da aula tradicional, sem condução, que acontece diariamente na escola de Pattabhi, hoje co-dirigida pelo seu neto Sharath Rangaswami. Às sextas e domingos, as aulas são conduzidas. O Guruji, como é carinhosamente chamado pelos alunos, também tira um desses dias para responder a perguntas sobre Yoga e vida. Entre as respostas, é comum ouvi-lo dizendo a sua máxima: “Yoga é 99% prática, 1% teoria”. A outra é “Faça a sua prática e tudo virá”. Um dos pontos mais importantes da prática é a respiração: “A prática de asanas é indissociável do vinyasa, que é todo o sistema de respiração, fundamental nesse método. Existe um número certo de inspirações e expirações para se chegar, permanecer e sair de um asana nas séries do Ashtanga”, explica o professor paulistano Fábio Sayão.

Outros pontos importantes da prática são os bandhas (fechos de energia), a respiração ujjayi (com aspecto profundo e som característico, vindo da contração da glote) e os drishtis (pontos de olhar fixo). O praticante faz a série conectado com mula bandha (elevação do assoalho pélvico) e uddiyana bandha (contração do baixo abdome) e também levando o olhar para pontos fixos (no nariz, no terceiro olho/testa, dedos das mãos ou dos pés), de acordo com a postura. Parece muita coisa para se concentrar ao mesmo tempo, mas o professor inglês radicado no Rio Matthew Vollmer compara o processo a dirigir um carro: “No começo é complicado fazer tudo de uma vez, mas com o tempo as pessoas dominam todos os pontos, como marcha e direção, e ainda comem, trocam CD e falam no celular enquanto dirigem!”

O sistema de Pattabhi preza por seis práticas por semana (tradicionalmente, os sábados são livres, assim como os dias de Lua Nova e Lua Cheia). E toda essa freqüência com combinação de tantos fatores que faz da prática algo muito mais poderoso do que um corpo forte e flexível – é como uma meditação em movimento, que muitas vezes torna-se a âncora de seus adeptos. “É comum ouvir os praticantes de Ashtanga dizendo que a prática é o que os torna mais centrados, que é a dose diária para organizar a vida”, conta a professora Regina Ehlers. Quanto ao mito sobre as lesões ocorridas com essa prática, na maioria das vezes tudo pode ser evitado se cada pessoa descobrir o seu limite e praticar no seu ritmo. A respiração guia. “É por isso que ao observar uma aula, nota-se que cada pessoa tem uma prática distinta em vários aspectos, como o tempo em que cada um leva para fazer a sua série, o número e os tipos de asanas praticados”, diz Sayão. “Essas diferenças devem-se a variados fatores, como a assiduidade
do praticante, as diversas atividades que cada um faz ou já fez na vida, há quanto tempo pratica e as diferenças genéticas
”, completa.

Se a prática dos asanas, portanto, for encarada como um meio que prepara para meditação, independentemente do grau de complexidade das posturas realizadas, e for respeitado o limite e o conceito de vinyasa krama (prática inteligente e realizada de acordo com as limitações da pessoa, com evolução gradual), não oferece riscos de lesões maiores do que em outras práticas de Hatha Yoga. O professor Bruno Bartulitch dá a sua visão: “Apesar de o Ashtanga ser uma prática exigente fisicamente, para mim, os principais desafios e benefícios são psicológicos. Manter-se em concentração e em estado de auto-observação todo o tempo é o mais difícil. Sendo assim, os principais benefícios da prática são maior equilíbrio emocional e menor sujeição à impulsividade”.

Sayão completa o raciocínio: “Muitas vezes o praticante empolga-se com as mudanças físicas que o Ashtanga traz e passa a querer cada vez mais se superar rapidamente nos asanas. Como é uma prática física intensa, é possível se machucar quando não damos o tempo necessário para que o corpo se fortaleça e se abra lentamente. Em geral as pessoas levam (ou pelo menos deveriam levar) anos para completar a primeira série”. Sem pressa, o Ashtanga pode te levar à meta do Yoga sem machucados. “É uma prática para a vida toda e talvez a origem dessa urgência por se superar e ultrapassar os limites esteja na falta de compreensão desse método como algo que vai muito além do físico. Se tomado apenas como algo físico, o espírito do Yoga morre ali”, conclui Sayão.

Leia a entrevista de Fábio Sayão


Dados básicos
Ashtanga significa o Yoga de oito membros e se refere ao caminho de oito etapas traçado pelo sábio Patañjali em seu Yoga Sutra.

Recomendado para:
Pessoas com tendência a depressão e letargia

Benefícios:
Exercita tônus muscular, flexibilidade e concentração
Traz sensação de fluidez e disciplina para a vida

Cuidados:
A prática não oferece riscos de lesões para quem a realiza seguindo o conceito Vinyasa Krama, descrito por Krishnamacharya: desenvolva a sua prática lentamente e respeite as limitações

Alguns professores:
Lino Miele, Richard Freeman, Manju Jois, Sharath, Chuck Miller, Tim Miller, David Swenson, David Williams, Danny Paradise, Matt Corigliano.

No Brasil:
Matthew e Carla Vollmer, Diego Koury (RJ); Cristovão Oliveira, Fábio Sayão, Mario Reinert (SP); Regina Ehlers.

Onde praticar
www.astangaspirit.com
www.mangalam.com.br
www.centrovidya.com.br
www.astanganamaskara.com.br
www.yogasp.com.br
www.yogaflow.com.br
www.espaco.art.br
www.enirvana.com.br


Nadadores buscam no Yoga consciência corporal, flexibilidade e concentração

Por: Mauricio Erreria de Goes
Uma boa performance no esporte não depende somente de um bom condicionamento físico. A mente também influencia diretamente no desempenho do atleta, respondendo pela concentração e pelo autocontrole. Com base nisso, muitos esportistas têm encontrado no yoga (mais especificamente no Hatha Yoga) um excelente exercício complementar na busca do perfeito equilíbrio entre corpo e mente e conseqüente melhora da performance esportiva por meio do autoconhecimento.

Mas, ao contrário do que muita gente possa imaginar, o yoga não é uma simples ginástica. Também não é uma prática vinculada necessariamente a esoterismo, misticismo ou religião. Trata-se de um exercício de autoconhecimento, de integração entre corpo e mente. Na antiguidade, era praticado por sábios hindus na busca de uma consciência superior_ acima da racional, por meio do desenvolvimento espiritual (interior). O Hatha Yoga é uma das modalidades dessa busca, sendo o corpo a ferramenta para isso. Sua prática consiste na execução de posturas (asanas) que proporcionam uma maior consciência corporal e exigem trabalho de força, alongamento e flexibilidade.

“Quando bem-feita, com auxílio de uma pessoa culta, a prática desenvolve força consciente, flexibilidade e alongamento como poucos exercícios”, afirma o professor de yoga Marco Schultz, que é formado em educação física e ciência do exercício pela Universidade de San Diego, na Califórnia, e desenvolve um programa chamado Atleta Interior, em que instrui atletas na prática do yoga. Entre os atletas que já trabalharam com ele estão o surfista Teco Padaratz e o nadador Fernando Scherer, o Xuxa. Marco trabalhou com Xuxa em 1996, na preparação para a Olimpíada de Atlanta, a pedido do Carlos Camargo, treinador do Clube 12 de Agosto de Florianópolis (SC) e na época técnico de Scherer.

“Na época queria que o Fernando tivesse uma maior consciência do corpo, dominasse melhor os seus movimentos. A prova dos 50 m livre tem muitos detalhes de movimento corporal e queria que ele tivesse isso à flor da pele”, conta Carlos Camargo, que adotou o yoga dentro do sistema de trabalho que desenvolve com grande parte dos seus nadadores. “A consciência corporal é muito importante. Facilita o trabalho”, justifica.

Para Marco Schultz, o yoga é um instrumento de apoio fundamental para o atleta, não só na questão física, mas, principalmente, para a mente. Isso porque a prática proporciona um maior autoconhecimento por meio da integração entre corpo e mente, além de exercitar a concentração e o autocontrole, o que ajuda a expandir o potencial. São comuns casos de atletas que treinam duro e, na hora da prova, por causa de pressões externas ou nervosismo, não conseguem desenvolver todo seu potencial na piscina. Nesses casos, a mente bem preparada acaba fazendo a diferença, mais até que o físico.

“O foco do yoga é a atenção na ação. A pessoa passa a se conhecer melhor, tendo uma maior consciência do seu potencial e dos limites a serem trabalhados. Como conseqüência, passa a ter mais segurança em si”, explica Schultz. Segundo ele, é preciso lapidar o atleta interior para poder atingir o objetivo do atleta exterior. O corpo é o instrumento para lapidar a mente, e o Hatha Yoga, o meio. A prática prepara a mente e o corpo do atleta para se superar, tendo como alicerce o conhecimento de si como um todo. “Estar bem preparado fisicamente tem limite, já estar bem preparado mentalmente não. O homem não conhece os limites da mente e está muito aquém do que pode. São infinitas as possibilidades”, acrescenta.

Marco cita Teco Padaratz como exemplo de superação por meio do yoga. O surfista sagrou-se campeão do mundo duas vezes. A primeira em 1992 e a segunda só sete anos mais tarde, em 1999. A segunda conquista foi uma surpresa pelo fato de que Teco competiu contra atletas mais novos e, teoricamente, melhor preparados fisicamente, o que seria uma grande desvantagem para o brazuca. “Quando achavam que o Teco estava no limite da carreira, ele começou a praticar Yoga. Depois de três anos de prática voltou a ser campeão mundial em 99. Com o autoconhecimento ele conseguiu superar-se, competindo com atletas muito mais novos, que não tinham a maturidade e o desenvolvimento pessoal que ele tinha”, relata Schultz, afirmando que no meio esportivo já é conhecido que o desenvolvimento e autoconhecimento obtidos com a prática favorecem a alta-performance. “Lá fora muitos atletas se apóiam nisso”, salienta.


PEDALE E RESPIRE 

Bike e Yoga: ligados na performance e filosofia de vida

À primeira vista, bike e Yoga não parecem caminhar em harmonia, afinal, o ciclismo é uma modalidade tão frenética, enquanto o Yoga é tão sereno. E é exatamente por esse extremo que um complementa tão bem o outro, tanto na performance quanto na filosofia. Isso porque, em muitos aspectos, o Yoga tem uma forte ligação com o ciclismo, pois, uma das filosofias do Yoga é realizar uma ação que seja benéfica não só ao indivíduo quanto ao coletivo. Com isso, optar pela bicicleta ao carro implica em respeitar o ambiente e ainda contribuir com um trânsito mais livre, de acordo com Marcos Rojo, professor de educação física, diplomado em Yoga pela escola Kaivalyadhama, de Lonavla, Índia, e professor de Yoga da USP.

Já na prática, o Yoga é um dos complementos mais indicados para quem deseja melhorar sua performance sobre a bike, pois, além de beneficiar a postura e a flexibilidade, ainda alivia a tensão muscular e aumenta a capacidade de concentração do ciclista, de acordo com Rojo, que também foi responsável por treinar a equipe brasileira de ciclismo. E foram os ensinamentos do Yoga os responsáveis por Fabio Alberto Dipp, 33, concluir neste ano o Audax 600, prova de ciclismo de longa duração, com 600 km, na qual o ciclista pára de pedalar apenas para se alimentar. “Na madrugada, aquele silêncio e a escuridão e eu ali, sozinho. Anos de Yoga me ajudaram a vencer o cansaço físico, a fome e o sono”, recorda Dipp, fisioterapeuta e professor de educação física, yogi desde 1994.

Para ele, que, nessa competição, passou 32 horas pedalando, o ciclismo em si já é uma forma de meditação. “Eu me concentrava nas faixas de trânsito ‘voando’ sob os pneus da minha bicicleta. Aquilo era uma espécie de transe, que me absorvia por muito tempo e, assim, esquecia das dores, do sono, da fome”. Dipp concluiu a prova em primeiro lugar. Um dos maiores fenômenos do ciclismo mundial também lançou mão dos ensinamentos do Yoga como forma de complementar seus treinamentos. O norte-americano Lance Armstrong, heptacampeão do Tour de France, praticava um set de cinco a 20 segundos de navasana (postura do barco), que trabalha principalmente a musculatura do abdome.

De acordo com José Bastos, 61 anos, instrutor de Yoga, a flexibilidade e o alongamento – contemplados pelo Yoga – são outro ponto importante para os ciclistas. Os alongamentos esportivos de hoje são muito parecidos com as posturas do Yoga. “E é imprescindível para o ciclista ter uma boa flexibilidade e um bom alongamento a fim de evitar dores”, diz o professor, que pedala há mais de 40 anos, inclusive chegou a ser ciclista federado em sua juventude. Esses asanas contribuem para o fortalecimento do tônus muscular e alongamento dos atletas. “São práticas derivadas. O importante é que o grau de intensidade seja sempre baixo e que o praticante aprenda a usar apenas os músculos essenciais naquele movimento, coordenado com a respiração”, diz Marcos Rojo. E alguns desses asanas encaixam-se perfeitamente nas necessidades dos ciclistas, principalmente os que trabalham a musculatura lombar, a cervical-peitoral, a do pescoço e a posterior da coxa.

Ciclistas de fim de semana
Para aqueles ciclistas que não têm intenção de participar de provas audaciosas nem ser heróis da modalidade, o Yoga pode, também, contribuir para sua performance, mesmo que seja para pedalar nos parques aos finais de semana. “Eu pedalo para me locomover apenas, e não como prática esportiva. O Yoga, no entanto, contribui para meu ritmo, pois andar de bicicleta é ter ritmo de pedalada”, diz o professor de Yoga Tiago Collado Bastos, 30 anos. Ele ainda arrisca relacionar a cadência da pedalada a dirigir um automóvel. “No trânsito, o carro consome muito mais gasolina por estar em velocidade inconstante. Já na estrada, a tendência é economizar o combustível”. Seguindo esta analogia, pedalar ora rápido, ora devagar, isto é, sem cadência, consome bem mais energia do que girar constante, ritmado. “Assim, o Yoga ajuda a otimizar meu esforço. Com isso, consigo pedalar mais e ir mais longe”, conclui.

Para começar a pedalar
Aqueles que nunca pedalaram ou são traumatizados com a idéia de subir em uma bicicleta provavelmente não conseguiram se equilibrar e sair pedalando, pois tentaram aprender o ofício em uma bicicleta errada, grande, ruim, desequilibrada, que não andava em linha reta. Ou foi orientado por um instrutor com pouca pedagogia. Para isso, é importante que a bicicleta seja compatível à estatura do ciclista.

No trânsito
Use sempre capacete
Seja educado
Obedeça às leis de trânsito
Sempre sinalize suas intenções
Use roupas claras ou chamativas
Evite ruas e avenidas movimentadas
Mantenha-se à direita e na mão de direção (apesar de ser senso comum, nunca pedale na contramão)
Não faça ziguezague: procure pedalar mantendo uma linha reta
Aprenda a ouvir o trânsito
Não pedale onde o motorista não possa vê-lo
Nunca entre de supetão nos cruzamentos, esquinas ou saídas de estacionamentos
Não pedale muito próximo ao meio-fio Não use aparelhos eletrônicos, que podem tirar-lhe a concentração

Além da economia de esforço, o Yoga contribui também para minimizar as dores proporcionadas por horas sentado sobre o selim, além de evitar e até tratar lesões provenientes do ciclismo, pois os movimentos colaboram para o fortalecimento do tônus muscular e da flexibilidade da musculatura. “Ficava com o ombro tenso e agora estão menos rijos. Assim, consigo transferir a energia que tensionava meus braços para a pedalada”, afirma Bastos.

Isso porque o ciclismo é um esporte no qual o indivíduo permanece em uma postura artificial, portanto, merece uma compensação – e o Yoga traz benefícios anatômicos, como a melhora da postura e da flexibilidade, e fisiológicos, pois promove a saúde dos órgãos, intensificada pela modificação das pressões internas, melhorando a condição circulatória geral, de acordo com Cleber Anderson, ex-ciclista profissional e um dos pioneiros a unir o Yoga ao esporte.

Os benefícios do intercâmbio entre as duas modalidades não se limitam
aos ciclistas que praticam Yoga, mas, também, aos yogis que queiram incluir a bicicleta no seu dia-a-dia. “Andar de bicicleta melhora o sistema cardiovascular do praticante de Yoga, que, com isso, encontrará maior disposição e condicionamento para a realização das posturas”, explica Tiago.

Pranayamas e concentração
Normalmente, passeios simples como pegar a bicicleta e dar uma volta no parque exige ações como pedalar em subidas, descer ladeiras, prestar atenção ao trânsito e ainda desviar de obstáculos. Tarefas que, ao mesmo tempo, requerem concentração. E nisso as técnicas do Yoga são indiscutíveis, principalmente por conta dos pranayamas, que, com suas técnicas, habilitam seus praticantes a se concentrarem na pedalada, mesmo sob situações adversas. No Yoga, a respiração é parte vital da sessão. Aprende-se a respirar calma e propositalmente. Essa prática habilita o indivíduo a focar nos músculos que estão sendo exigidos para determinado movimento – e esse estado requer tal tranqüilidade mental alcançada apenas quando o resto do mundo é distanciado por alguns, porém preciosos, momentos.

E aprender a respirar corretamente durante as pedaladas é parte importante do treinamento do ciclista. O Yoga ensina aos indivíduos a respirar relaxadamente, porém energizando os músculos ao mesmo tempo. Assim, respirar profundamente, mas devagar, e mentalmente direcionar o oxigênio e a energia aos músculos das pernas, região lombar, pescoço ou tríceps ajuda a reduzir as dores nessas regiões e aumentar efetivamente as técnicas de pedalada. Um dos fatores da adesão do ciclista Cleber Anderson ao Yoga foi exatamente a falta de concentração. “Competia provas de pista que são resolvidas em questão de minutos. Precisava de concentração, usar bem a minha respiração e também não contrair os músculos errados. Esses pontos eu evolui com o Yoga”.

Um mês outdoor
A planilha a seguir – treino três vezes na semana – é para quem deseja ganhar condicionamento com o ciclismo, seja com bicicletas de estrada, mountain bike ou aquela magrela encostada no fundo da garagem. Idealizada por Thiago Faria, coordenador de ciclismo da Clínica José Rubens D´Elia, o técnico lembra, porém, a importância do uso do capacete e do aquecimento antes de iniciar a prática. “O alongamento não deve ser dolorido e deve durar entre dez e 15 segundos, pois alongar-se intensamente é interessante nos dias de descanso, em que o seu músculo não foi muito exigido”.

Semana 1
Terça-feira
1h com a freqüência cardíaca (FC) entre 60-70% da máxima, terreno plano com poucas curvas

Quinta-feira
1h15’, FC entre 60-70% da máxima, circuito plano com curvas (aprendizado de curvas)

Sábado
1h45’ com FC entre 55-65% da máxima, terreno livre

Semana 2
Terça-feira
1h30’ com a freqüência cardíaca (FC) entre 65-75%, circuito plano, com uma única subida curta

Quinta-feira
1h30’ FC entre 70-75%, terreno plano, ou com poucas subidas

Sábado
2h com FC entre 55-70%, terreno plano, de preferência local onde não necessite dar muitas voltas

Semana 3
Terça-feira
1h30’, sendo 15 min com a FC entre 65-70% e 15 min com a FC entre 70-75%, terreno plano; procure manter a cadência

Quinta-feira
1h30’, com FC entre 65-75%; insira algumas subidas, ainda que curtas (de 500 m a 1 km) e procure passar por ela pelo
menos umas 6 ou 7 vezes durante o treino (no Ibirapuera, por exemplo, temos a marquise, excelente para isso)

Sábado
2h15`em terreno plano ou com poucas subidas. FC entre 60- 80% (treino de resistência)

Semana 4
Terça-feira
1h, com FC entre 70-80%, terreno plano, com poucas curvas, cadência um pouco mais elevada do que a de costume

Quinta-feira
1h30` com FC entre 65-85%, com algumas subidas, mesmo local da semana passada

Sábado
2h30` com FC entre 65-80%, terreno livre (treino de resistência)
Calcule sua freqüência cardíaca (FC) máxima usando a fórmula 220 menos a idade em anos. Ex.: um indivíduo de 52 anos tem uma estimativa de freqüência cardíaca máxima de 168 batimentos por minuto (220 – 52 = 168). 70% de sua FC = 117 batimentos cardíacos por minuto. Para calcular os batimentos por minuto (caso não possua cardiofreqüencímetro), meça seu pulso durante seis segundo e multiplique por dez.

Fonte: Escola de Bicicleta (www.escoladebicicleta.com.br)
Matéria publicada na íntegra na PYJ # 9



YOGA & SURF

Como as duas práticas interagem no dia-a-dia de pessoas que são adeptas tanto do Yoga quanto do surf
Por Thays Biasetti

O surfe é um esporte apaixonante que ganha adeptos a cada dia. A água, o sol, as ondas, a praia, a adrenalina: são vários os fatores que fazem com que as pessoas caiam no mar sempre que sobra um tempinho, mesmo em dias muito frios. Muitos surfistas estão procurando o Yoga para ajudar a melhorar as técnicas para surfar. O exemplo mais famoso deles é Tom Curren, famoso surfista norte-americano que praticava Yoga para ajudar nas manobras.

As duas atividades têm mais em comum do que se imagina. Integram o ser humano com o meio, solicitam músculos diferentes, criam uma paixão no praticante, deixam as pessoas mais conscientes de si e ajudam a meditar. Do Yoga, podemos ressaltar os asanas, os pranayamas e a prática da meditação. Do surfe, vale dar atenção especial aos movimentos, às ondas e ao corpo. “As duas práticas são consideradas filosofias de vida, pois conectam o ser com as forças energéticas da natureza e também melhoram a qualidade de vida”, comentou Marcelo Moreno, instrutor de Power Yoga e surfista.

Benefícios no surf

Os surfistas se identificam com o Yoga pela união que as práticas trazem. Tanto o Yoga quanto o surfe dão à pessoa a sensação de ser um só com o todo. O contato com a natureza traz paz e tranqüilidade, sentimentos buscados também pelos yogis.

O surfista Carlos Burle, 35 anos, começou a surfar na infância e iniciou no Yoga apenas alguns anos depois. “Surfo desde os oito anos, ou seja, há um pouco mais de 27 anos. Comecei a praticar Yoga aos 14 no Recife com uma professora de Hatha Yoga. Eu era o mais jovem da classe”, comentou. Carlos Burle procurou o Yoga pelos mesmos motivos da maioria das pessoas. Queria ganhar concentração, autoconhecimento e flexibilidade. “Comecei a praticar porque queria evoluir. Eu me espelhava no Tom Curren, surfista campeão mundial. Ele tinha dado alguns depoimentos sobre a prática e resolvi experimentar”, completou.

A prática de Yoga complementa o surfe, pois vem de encontro com a necessidade do surfista de integração com a natureza. “O Yoga ajuda porque traz saúde, qualidade de vida e integração com o mundo”, disse o surfista.

Além disso, o Yoga traz benefícios que ajudam o surfista a melhorar no esporte. “Os pranayamas mantém o condicionamento cardiovascular e respiratório para quando nadamos ou tomamos um “caldo”. O Yoga também trabalha os quadris, as pernas, a lombar e a cervical, partes muito requisitadas no surfe”, explicou Marcelo.

Surfistas yogis
Os esportistas que experimentaram aliar surfe com Yoga sentiram uma grande melhora. “Tenho apenas alunos surfistas, inclusive vários profissionais. E eles me dizem que melhoraram muito depois que começaram a praticar Yoga. Para fazer manobras e também porque ficam menos ansiosos e menos tensos”, disse o professor. O Yoga também melhora as dores musculares comuns aos surfistas. Carlos sentiu os resultados da combinação das duas práticas. “O Yoga me trouxe mais equilíbrios emocional e físico. Como minha relação com o surfe sempre esteve diretamente ligada ao meu grande sonho e à minha vida, o Yoga me ajudou a ter autoconhecimento, o que para mim é o ponto chave para evolução e equilíbrio”, declarou.

Quanto mais você pratica, mais resultado você vê e tem mais noção das transformações. “A maioria dos alunos procuram o Yoga apenas pela parte física. Os que se dedicam a fundo no Yoga, na filosofia, percebem uma melhora muito maior, não só no surfe, mas na vida”, falou Marcelo.

Práticas para antes e depois
A prática precisa ser dosada para não exagerar nos exercícios e causar fadiga muscular. Os asanas de antes do surfe devem ser mais vigorosos e fortes para aquecer e alongar, e os pós-surfe precisam ser restaurativos. “Indico Surya namaskar, Parivrtta trikonasana e Utthita hasta padangustana para antes do surfe. Para recuperar, é bom fazer Dandasana, Ardha matsyendrasana e Paschimottanasana”, finalizou Marcelo.


YOGA É:

"A palavra yoga vem da raiz sânscrita yuj que significa atrelar, unir, juntar. Seria então a união do ser individual (jivatman) ao Ser Supremo (paratman). Podemos considerar o Yoga como a ciência da educação integral.


O Yoga é um processo que possibilita despertar, descobrir e transformar o ser humano em todos os seus aspectos. É um caminho para a transformação pessoal, cultural e universal.

O Yoga possui inúmeras técnicas e preceitos filosóficos que ajudam o homem em seu processo de transformação."

“ Yoga é ter consciência,
Yoga é saber estar na vida,
Yoga é ser livre,
Yoga é estar bem consigo prórprio e com os outros,
Yoga é amar,
Yoga é uma filosofia de vida.”

Namastê!



O QUE É ASHTANGA VINYASA YOGA?

O Yoga é uma filosofia de vida capaz de criar uma mente saudável e um corpo leve e forte. Isso quase todo mundo já sabe ou, pelo menos, já ouviu falar. Mas por que essa ciência traz tantos benefícios? Como o próprio Yoga Sutra expõe, Yoga citi vriti nirodaha (o yoga cessa as ondas mentais). Portanto, manter uma prática consciente e atenta é essencial para conectar-se com a essência da prática.


No entanto, é muito difícil, principalmente nos dias de hoje, com o excesso de informação existente, parar e pensar no momento presente e, assim, agir com consciência. Por isso, com técnicas apropriadas se pode atingir a mente por meio do corpo, isto é, através do corpo grosso, chegar ao corpo sutil.

Ashatanga Vinyasa Yoga é uma técnica derivada do Hatha Yoga e desenvolvida por Sri. K Pattabis Jois na cidade de Mysore, ao sul da Índia. Nela, trabalha-se com uma sequência fixa de posturas, que desperta o potencial máximo de quem pratica, em todos os aspectos da consciência humana - física, psíquica e espiritual.

No sistema de ashtanga vinyasa yoga, utilizamos três conceitos importantes. O primeiro , é a respiração, denominada ujjay pranayama, essa é feita com a contração da glote, o segundo, os asanas (posturas), e o terceito, o dristi, o foco num ponto específico, que a cada postura se altera. Esse último elemento (dristi) permite manter a mente focada e atenta durante a prática, o que acaba gerando um estado meditativo. É por esse motivo que no método não se usam elementos externos, como espelhos ou música, fortalecendo o princípio de que a prática é de cada um e o foco deve ser interno e não externo.

Vinyasa significa sincronia entre respiração e movimento. A respiração é a música interna que conduz a prática, é o coração do método, que liga um asana ao outro numa ordem precisa de posturas. Quando a respiração combina com o movimento e o movimento com a respiração, as posturas refletem o perfeito equilíbrio.

Com o uso da respiração correta, um calor intenso é produzido, purificando músculos e órgãos, expelindo toxinas indesejadas e garantindo a saúde do corpo. Em razão disso, a prática de ashatnga yoga é extremamente benéfica para qualquer tipo de pessoa, pois harmoniza e livra o corpo de doenças.

Ao contrário da visão ocidental do yoga, não existe benefício se não houver esforço. A prática requer um dispêndio considerável de energia, proporcionando a purificação do sistema nervoso. Assim, a mente se torna clara, lúcida e precisa.

Pratique e tudo virá!!!
Namastê.

fonte:www.moinhosdevento.com.br


PRIMEIRA SÉRIE






ASHTANGA YOGA MANTRA

Mantra tradicionalmente entoado no início da prática de Ashtanga Vinyasa Yoga. Atribuído a Ádi Shankaracharya, Yoga Taravalli, século VIII dC.


Om vande gurúnam charanáravinde
sandarshita svátma sukháva bodhe
nih shreyase jáñgalikíyamáne
samsára háláhala mohashántyai
ábáhu purushákáram
shankhachakrási dhárinam
sahasra shírasam svetam
pranamámi pátañjalim Om



Saúdo os pés de lótus do mestre
que ensina o justo saber e mostra
o caminho para o despertar da alma;
aquele que está além das comparações
e que, como o médico da selva, extrai
da consciência o veneno da ignorância.
Inclino-me frente ao sábio Pátañjali,
que tem forma humana na parte superior do corpo,
que segura uma espada, uma concha e um disco,
e que está coroado por uma serpente de mil cabeças.




MANGALA MANTRA

OM SWASTI PRAJA BHYAH
PARIPALA YANTAM
NYA YENA MARGENA
MAHI MAHISHAHA
GO BRAHMANEBHYAHA
SUBHAMASTU NITYAM
LOKAA SAMASTHA
SUKHINO BHAVANTU
OM SHANTI SHANTI SHANTI
OM



Om. Que a prosperidade e o bem-estar sejam glorificados. Que os governantes governem com virtude e justiça. Que a sabedoria e o conhecimento sejam protegidos. Que todos os seres em todos os lugares sejam felizes e prósperos. Que haja, paz, paz, paz. Om.



DANY SÁ
 
Uma das professoras de Ashtanga Vinyasa mais respeitadas e conhecidas do Brasil, capa da edição 41 da Yoga Journal, Dany Sá conta como a prática entrou e como mudou sua vida.
Yoga Journal: Como você se envolveu com o Yoga? E com o Ashtanga?
Dany Sá: Comecei a praticar Yoga por acaso. Ainda era bailarina e comecei a frequentar uma academia de ginástica para manter minha forma, pois, naquela época, eu não estava com tempo de manter minhas aulas de ballet clássico. Experimentei uma aula de Hatha Yoga e adorei. Nesta mesma academia, o professor dava algumas aulas de Ashtanga. Eu ainda nem sabia a diferença de estilos , mas percebi que era um estilo de aula que eu me identificava. A partir disso, fui buscar mais conhecimento estudando e fazendo aulas de Ashtanga Vinyasa em uma escola especializada.

YJ: Como é sua prática pessoal?
DS: Pratico Ashtanga seis vezes por semana. No primeiro dia de prática, faço a segunda série. No meio da semana, pratico a segunda e a terceira série até a postura que estou treinando e aperfeiçoando. Essa prática dura em média 2 horas e meia.
No último dia da semana, pratico a primeira série do Ashtanga Vinyasa.

YJ: Você é uma das professoras do Brasil mais avançadas nas séries do Ashtanga. Como foi essa evolução?
DS: A evolução aconteceu gradativamente e com muita paciência e disciplina. Com o passar dos anos, vou percebendo que o quanto mais eu avanço nos asanas, menos importantes eles vão ficando. A atitude interna que mantenho durante a minha prática é a verdadeira prática.

YJ: Você tem uma postura que gosta muito? Qual e por quê?
DS: Uma não, tenho várias! Acho que não daria para falar somente de uma, pois todas vão se complementando ao longo da prática.

YJ: Você se mudou para o Rio Grande do Sul não faz muito tempo. Como foi essa mudança? Sente alguma diferença entre as práticas dos alunos?
DS: Me mudei para Porto Alegre, pois meu esposo recebeu uma proposta de transferência no trabalho. Achei que seria uma ótima oportunidade e um desafio de morar em um outro estado. Mas não sinto diferença entre as práticas dos alunos, eles são bem receptivos e, cada vez mais, estão incorporando o método do Ashtanga.

YJ: Qual sua opinião sobre o que está acontecendo em Mysore e sobre o que está acontecendo com o Ashtanga em geral?
DS: O Ashtanga está passando por um momento de transformação muito grande devido a morte do Guruji. Acredito que tudo irá se solidificar com o tempo, mas precisamos ter paciência. Acho importante mantermos a nossa devoção e o nosso sadhana, independente de qualquer coisa. O método vem crescendo a cada dia e devemos tomar muito cuidado com as sua proporções. A escolha de um bom professor é o caminho mais seguro para manter a qualidade na prática.

YJ: Você tem algum guru ou mestre?
DS: Sim, tenho dois em particular: Sri K Pathabi Jois, tenho respeito e devoção por ter criado este método que pratico e ensino. E Matthew Volmer por me ensinar a prática verdadeiramente como ela é.

YJ: Você acredita que vai continuar praticando Ashtanga por toda a vida? Ou acha que pode mudar para uma prática mais leve quando estiver mais velha?
DS: Sim. Vou praticar Ashtanga por toda a vida. Quando ficar mais velha, eu não terei as mesmas condições físicas, mas terei a sabedoria de praticar fazendo aquilo que meu corpo puder. A essência da prática sempre estará presente.

YJ: O que mais gosta no Yoga?
DS: Os efeitos que ela traz para a nossa vida como um todo.

YJ: O que você tenta passar para seus alunos que não se aprende apenas praticando sozinho?
DS: Ensino que praticar Ashtanga é muito difícil, mas não porque tem asanas vigorosos e sim pela conduta do praticante. Como o nome mesmo diz, "Ashtanga" são os oito passos do Yoga. Devemos ter em mente em primeiro lugar a ética(yamas e nyamas). Tendo paciência, disciplina , desapego e compaixão, conseguimos manter uma prática sólida e duradoura.

YJ: Qual sua mensagem para os leitores da Yoga Journal?
DS: Mantenham o seu sadhana (disciplina espiritual) independente do estilo de Yoga que praticar. O Yoga é o caminho para o autoconhecimento e libertação!

fonte: http://www.yogajournal.com.br/


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